sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Astro-rei

   

Perdes fogosidade
andas mortiço
ausentas-te tempo demais
não tens ares de exibição
perdes o arrebatamento de então.

És rei sem coroa...

Andas baralhado com os fusos
de sorrir ficas inibido
nas nuvens te refugias
arrefece o teu ardor
és acolhido
pelo meridiano preferido
choras porque querias rir
mas calas o sofrer
até poder
de novo sorrir .       
                                                        





segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Sonho


Foi um sonho...
Nele mergulhei ávidamente
flutuei e voei
ao sabor de inquietante brisa.
Fui sacudida,mas não me rendi...
O sentido e a razão de voar me impeliam
e nesse impulso desmedido,precisava descobrir
não uma rota qualquer,mas um mundo novo
capaz de me deslumbrar.

Fiquei aturdida com a descoberta!
O espectro do céu, num colorido fascinante me atraiu
a dança do vento me envolveu e seduziu-me sem parar...
um raio de sol do tamanho do céu rasgou-me a pele
que sangrando, renasceu e renova sem cessar.


domingo, 25 de novembro de 2012

Janela





Estava à janela da vida
e mirava inconformada
um atormentável vazio...
Olhava,não via nada
cegava-me a solidão
queria ver mais além
onde,mesmo sem ver
visse algo ou mais alguém...
Desvenda-se-me o infinito
dele emerge uma luz

os braços carentes lhe estendo
acolho com sofreguidão
o exílio da minha escuridão

domingo, 18 de novembro de 2012

Eco





É som inefável
que não cessa de repercutir-se
como eco se faz ouvir
se repete
repete...

Suave,doce,pacificador!

No persistente ressoar
agita-se o mundo interior
treme de dor
rasga-se de lés a lés
e, submerge-se, sufocado
na luz inteira do amor.



Olhar...



Olhos que cresceis em lágrimas ardidas pelo pesar
Também de preguiça sois vítimas,no velar!

Cansados,preguiçosos talvez
se até nem conseguis ver
só sabeis...
deixar-vos no olhar perder
do que a visão pode dar.
É ser mais cego que o cego
porque esse mesmo sem ver

há-de ver sempre mais e mais
sentindo na alma o prazer

E eu?
Hei-de permanecer sempre cega a ver
enquanto não vir com alegria e prazer!
              

Alma

Preciso identificar-me com ela
essa outra,que não sou eu
para conquistar o meu almejado troféu.

Conhecendo a sua essência
e tendo-a ela e não eu
porque divina por excelência
o desafio em mim nasceu.
Tenho muito que andar
mas sei qual é o caminho
há-de custar a chegar
mas vou indo,bem de mansinho.






segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Deserto

                             

Deserto...
Numa altivez dominadora
veste-se de solidão ardente

e em abraços fogosos
nas dunas se entrelaça
num estonteante ondulado


Vastidão a perder de vista
estende-se com imponência
poderoso...
se deita,se levanta
em cama dourada
onde sonhos se escondem
nos drapeados lençóis
bordados a delicados cristais
abertos na alvorada.

Aridez imperturbável
raramente chora
fica nesta mansidão
estendido ao sol abrasador.
Transpira paz
bronzeia-se aprazível
afaga-se de calor!

Conforta-se no oásis
o seu refúgio libertador
onde à sombra se deleita
e se alivia
do sol castigador
e,num alvoroço,a sede sacia
na nascente de água doce.

Deserto...
vazio de tudo
cheio de nada
mas que sempre inebria...
Faz feliz a jornada
de todo o que o busca.



Nunca fui ao deserto.Mas adorava.É um sonho antigo.Talvez por isso esta vontade de o imaginar e sentir desta forma.Permanece desperto o sonho de descobrir ao natural aquilo que idealizo.Estou certa,será uma experiência fantástica.


Drama humano

    



Não são a alegria
de quem espera tranquilamente
um novo dia...
Pode nunca chegar...

Não são a alegria

de quem cria ilusões...
Ficarão esquecidas
e de tanto esquecer
vão-se perder

Não são a alegria
duma liberdade que cresce forte
com vontade de cantar...
No leito da morte
ela está a agonizar.

Não são a alegria
de quem tem uma vida
linda pra viver...
são tristeza no olhar
que chora de dor
por tanto desamor.

Memória que lembra
o que era preciso olvidar
amargura que castra
sonhos a despertar
é a sina,a desdita
de seres humanos
em mortalhas já envolvidos
neste pérfido mundo...
Que tem tanto de (i)mundo!
Quando se impõe
de armas apontadas
a oferecer violência
a semear o terror
de frágeis,indefesos
alvo acessível.

Vinga-se orgulho ferido
faz-se ódio de vingança
massacram-se mulheres,crianças
vítimas predilectas
de terrífico holocausto...

Insulta
ofende
dói fundo
estremece-se de indignação
inocentes ver morrer
e a quem ninguém pode valer.
Que o alto dos céus
os compense do gozo, da alegria
que a terra impunemente lhes roubou
por maldade,tirania .

Em homenagem aos que morreram e aos que estão em sofrimento na Síria.

Não corro à toa


 


Não corro por aí à toa
sem saber aonde vou
sei por onde quero ir...
Tenho a certeza
que o que espero
também me espera a mim
sei que há-de chegar assim
bem mansinho,docemente
perfumando tudo ao redor
até calar em mim esta verdade
que entoa como um refrão.

"Querer é poder"

Flores



Flores
há-as de mil cores
desconcertam-nos com seus odores...

Atractivas
singelas

de pureza sem limites
perfil dum ideal de beleza...

Imitá-las um desejo
que não será uma miragem
apenas um propósito
de ver reflectida no espelho essa imagem!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Escada


 

Não me posso descuidar
tenho que prosseguir
preciso chegar
ao topo da escada...

A carga é pesada

o esforço me arrasta
a coragem me impele
degrau a degrau
devagar
para não tropeçar...

É difícil
exige equilíbrio
muita firmeza
que nem sempre me assiste.

Outono...
Não tarda cai toda a folha
chegará o Inverno!

O tempo urge
preciso apressar
confiar na chegada.
O infinito povoado de sonhos

quero tocar.

Hei-de lá chegar 

e quando o Inverno surgir
já nada me falta
quero sorrir
para o enfeitar.

                       
                 

Furacão


Sol perdido entre nuvens
céu desvairado sem azul
nuvens negras,ameaçadoras
inflamadas de raiva
prestes a desabar

em odiosa afronta...
Vento explodindo de fúria
sem domínio
infernizando tudo ao passar!
Quem poderá
calar esta aflição?
Que arrasta pavor
desespero
morte
destruição...

Tem nome de mulher
invencível
destemido
natureza em desatino

o SANDY não se apiedou
mostrou seu poder
na memória há-de ficar

e tornar-se perene
aos seus iguais na história
KATRINA,DENNIS E IRENE...

            

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Luz






Estrelas que brilhais
à escuridão da noite emprestais
luz doce e suave!

Emprestai-a à alma aflita
que se debate com tristeza

em desespero sofre e grita
vida sem luz não tem beleza

És um poder ansiado
um tesouro a descobrir
e por demais procurado
a quem nas trevas se sentir

Luz
descei à terra aos mortais
vereis o quanto os consolais!